Utilização ética da tecnologia foi tema de debate da conferência do Ibracon


Participantes abordaram aplicação e boas práticas para a utilização de novas ferramentas na Auditoria Independente

O segundo dia da 13ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente, evento promovido pelo Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil, iniciou-se com o painel “Tecnologia: Considerações no campo da ética e ceticismo profissional”. O debate contou com os painelistas Giuseppe Masi, membro do Grupo de Trabalho Ética, Compliance e Independência do Ibracon; Laurie Endsley, vice-presidente do IESBA (International Ethics Standards Board for Accountants); Marcio Santos, líder do Comitê de Tecnologia e Inovação do Ibracon; e Tatiane Schmitz, membro do Grupo de Trabalho Firmas de Auditoria de Pequeno e Médio Portes (FAPMP) também do Ibracon.

Laurie Endsley abriu o painel ressaltando o empenho do IESBA em discutir ética com o setor e a sua missão em servir ao interesso público, estabelecendo normas éticas de alta qualidade que se adéquam ao campo internacional para ajudar todos os contadores profissionais.

Segundo Endsley, os princípios fundamentais para navegar em dilemas éticos são: integridade, objetividade, competência profissional, comportamento profissional e confidencialidade. “Esses princípios devem levar os contadores a exercer o ceticismo profissional ao planejar e realizar auditorias, revisões e outros trabalhos de asseguração. É preciso questionar, se manter alerta às condições que indiquem distorções devido a erro ou fraude e avaliar criticamente as evidências”, apontou.

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Ela ainda discorreu sobre as oportunidades e os desafios que surgem com a incorporação da Inteligência Artificial, tais como o aumento da compreensão das relações de dados, uma vez que a IA pode analisar mais variáveis de maneira rápida. “É necessário, porém, utilizar uma abordagem ‘human in the loop’ para garantir a responsabilização de especialistas humanos pelo sistema de IA e ter a capacidade e a competência de fazer as perguntas certas para que a ferramenta de IA apropriada e adequada ao propósito seja adquirida ou desenvolvida”, explicou.

A vice-presidente do IESBA também apontou que o Conselho da entidade responde à natureza difusa das disrupções tecnológicas, adequando seu código periodicamente às questões relacionadas à tecnologia e provendo relatórios a partir de seu Grupo de Trabalho de Tecnologia, sempre chamando a atenção para os imperativos de competência, confidencialidade e liderança da era digital, enquanto mantém a transparência e preza por uma IA explicável. “Quando pensamos sobre o uso da tecnologia, precisamos sempre pensar em aplicar os princípios fundamentais. Ela é uma ferramenta que pode ser alavancada para detectar padrões incomuns em transações ou divulgações reportadas. É fascinante ver essa ferramenta utilizada de forma responsável para ter esses alertas”, finalizou.

Marcio Santos lembrou que as discussões durante a conferência do Ibracon de 2022 abordavam como o blockchain mudaria tudo, mas a Inteligência Artificial mostrou para o setor que a tecnologia pode atropelar a própria tecnologia. Segundo ele, é necessário criar uma base para a educação tecnológica a fim de que seja possível acompanhar as modificações que ela provoca na sociedade e criar mecanismos de controle. “Precisamos também entrar na discussão de responsabilização. Quem deve responder por uma entrada de dados errada? O auditor independente? A empresa de auditoria? Onde está o limite de responsabilidade? Essas são questões que precisam ficar claras no dia a dia”, afirmou.

Também abordou a utilização ética da tecnologia e afirmou que os vieses tornam uma ferramenta nociva ou não, e é preciso discutir o tema, sem enxergar o assunto como uma situação já definida. “Precisamos ter maturidade para entender que a mudança já está acontecendo e devemos acompanhá-la nos mantendo atualizados e alertas”, pontuou.

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Para Tatiane Schmitz, esse cenário de inovação tecnológica constante é um desafio para as pequenas e médias empresas de Auditoria Independente que estão ávidas por utilizar as ferramentas disponíveis e por uma igualdade de acessos, mas esbarram em recursos escassos, pouca mão de obra qualificada para utilizar os recursos disponíveis e outros riscos não identificados na aquisição. “É muito mais difícil para essas empresas implementarem as tecnologias.” Uma alternativa é a realização de parcerias estratégicas com institutos e universidades, sugeriu.



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