prática estratégica apoiada pela Agenda 2030 da ONU


Por Luciana Costa
Comunicação CFC

O empreendedorismo é uma ação que pode mudar a realidade das pessoas. Mas quando exercido por mulheres, ele ultrapassa a esfera quantitativa e passa a ser muito mais qualitativo, pois impacta diretamente a realidade das famílias, podendo trazer melhorias econômicas e sociais aos núcleos como um todo.

Somente no Brasil, 49,1% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres, de acordo com os dados do Censo 2022. Esses números demonstram a força que o empreendedorismo feminino pode representar para o país. Quando mulheres empreendem e são bem-sucedidas, elas afastam de seus lares a fome, a pobreza, a falta de acesso à educação e serviços básicos – citando apenas os riscos mais iminentes de vulnerabilidade social.

Atentos ao fato de como a realidade feminina pode impactar estrategicamente a sociedade, a Organização das Nações Unidas (ONU), ao elaborar a Agenda 2030, previu ações, no Desenvolvimento Sustentável 5 — Igualdade de Gênero —, com o propósito de promover o empoderamento econômico feminino, a inclusão financeira, a adoção da igualdade de salários e de gênero nas equipes e criação de benefícios adequados para mulheres, entre outras condições. Os fatores intrínsecos à ODS 5 estão alinhados ao propósito do empreendedorismo feminino, que é o de promover a igualdade nas relações sociais estabelecidas por ambos os sexos.

Cabe ressaltar que a Agenda 2030 consiste em um plano de ação global para o desenvolvimento sustentável baseado em 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e em 169 metas, adotadas amplamente, desde 2015, por 193 países-membros da ONU.

A importância do tema foi reconhecida pela ONU, em 2014, quando instituiu o dia 19 de novembro como o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino. A iniciativa tem como objetivo reforçar a importância da prática e de homenagear e incentivar os empreendimentos liderados por mulheres.

Realidade em crescimento

Um dado revelador do empreendedorismo feminino no país é trazido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), no relatório Empreendedorismo Feminino 4º Trimestre de 2023, divulgado neste ano. O empreendedorismo feminino é uma prática em crescimento desde 2012.  

De acordo com o estudo do Sebrae, no último trimestre de 2012, a participação feminina era 31,4% e no último trimestre de 2023 chegou a 33,9%, um aumento de 2,5 pontos percentuais.

Isso significa que, em 2012, as mulheres somavam 7,5 milhões de empreendedoras no último trimestre do referido ano e esse valor continuou crescendo até atingir a marca de 10,1 milhões de mulheres, em 2023. O estudo revela que a continuidade do crescimento foi interrompida apenas pelos efeitos da pandemia de COVID-19, que desmantelou o mercado de trabalho e a economia de todo o mundo.

Fatores que motivam a prática

Muitos são os fatores que impelem as mulheres à prática do empreendedorismo. Entretanto para a conselheira do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e coordenadora do programa CFC Mulher, Marlise Alves Silva Teixeira, um dos principais fatores é a necessidade.

“O fator primordial que motiva o crescimento do empreendedorismo feminino é a necessidade. As mulheres que empreendem, por vezes, passam por demissões, por separações, por alguma situação negativa na vida que faz com que seja necessário empreender e que seja essa a fonte de recurso financeiro para ela.”, pondera a conselheira.

A opinião da conselheira é confirmada pelos dados atualizados do Painel de Informações do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. A base de dados mostra uma diminuição de 32% de mulheres empregadas, em relação a 2022.  O monitoramento compila as estatísticas de admissões e desligamentos sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Entretanto, muitos outros são os motivos como flexibilidade de horários, busca de renda complementar, desejo de independência, entre outras razões.

“Outro ponto que eu coloco aqui é a questão da autonomia. Ser autônoma nas suas ações de ter a liberdade de escolha, porque ela mesma consegue produzir o seu próprio dinheiro e consequentemente ela consegue se bancar, ficar sozinha e ela fica mais dona da sua vida, podendo fazer suas escolhas com mais liberdade.”, afirma Marlise.

Ações de promoção do empreendedorismo feminino

Em apoio ao empoderamento feminino e todas as vertentes que isso representa, o CFC aderiu, em 2020, ao Pacto Global da ONU, iniciativa pautada em 10 Princípios Universais na área de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção. Ao se tornar signatário do Pacto, o CFC também aderiu a outros dois outros movimentos, entre eles o intitulado “Elas Lideram”.

Nesse movimento, os membros se comprometem com a paridade de gênero na alta liderança até 2030. Outras metas da proposta são 30% dos cargos de alta liderança ocupados por mulheres até 2025 e 50% dos cargos de alta liderança ocupados por mulheres até 2050. O CFC já atingiu a meta de 30% antes do prazo previsto pelo Pacto.

Como parte do apoio ao movimento e à promoção da celebração do Dia do Empreendedorismo Feminino, comemorado nesta terça-feira (19), a Comissão Nacional da Mulher, do CFC, está apoiando uma série de eventos realizados pelas comissões regionais da Mulher. Os eventos serão realizados durante todo o mês de novembro.

“A Comissão Nacional da Mulher incentivou e apoiou as diversas as comissões estaduais no fomento do empreendedorismo feminino na data de amanhã. Então estão acontecendo inúmeros eventos a nível de Brasil e que já foram no começo de novembro, até o final do mês, falando de empreendedorismo feminino. Nós estamos bem felizes com os números e com os resultados.”, completou a conselheira Marlise.

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