CReCER – Ensino e participação integrada dos países podem ser soluções para lacunas do avanço da sustentabilidade no mundo


Por Ingrid Castilho
Comunicação CFC

“As ações para sanar lacunas de capacidade para o aprimoramento da sustentabilidade” foi um dos temas debatidos durante a programação da 11ª edição da Conferência Regional de Transparência e Responsabilidade pelo Crescimento Econômico Regional (CReCER), nesta quarta-feira (10). O evento que acontece em São Paulo, até 11 de maio, reúne líderes de diversas instituições contábeis, financeiras e governamentais, de mais de dez países, para buscar dialogar sobre soluções práticas e eficazes que cooperem para a agenda de desenvolvimento sustentável.

O painel foi conduzido pela diretora de Desenvolvimento Profissional do Instituto de Auditoria Independente do Brasil, Shirley Silva, que destacou a importância dos setores públicos tomarem medidas para abordar as brechas existentes de conhecimento e capacidades em torno da apresentação dos informes de sustentabilidade.

Zulmir Breda, coordenador de operações do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS), destacou que uma das formas de diminuir as lacunas sobre os entendimentos dos informes de sustentabilidades é promover a conscientização e capacitação dos profissionais e que isso já está no plano do organismo. O Comitê é composto por membros de diversas instituições que juntos produzem estudos, debates, discussões e emissão de pronunciamentos técnicos de sustentabilidade para que os reguladores brasileiros possam adotá-los no todo ou em parte.

“Criamos dentro do próprio CBPS, um grupo trabalho formado por acadêmicos que tem a missão de elaborar um amplo programa de treinamento e capacitação de todo o público de interesse, voltado para esse termo [da sustentabilidade] aqui no Brasil. Porque nós queremos atingir não apenas aqueles profissionais que fazem parte das entidades que compõem o CBPS, mas principalmente os demais usuários, stakeholders dessas informações, clientes, fornecedores e investidores”, destacou Breda.

A importância do aprendizado sobre o tema da sustentabilidade para os profissionais contábeis foi também foco central da presidente do Painel Internacional sobre Educação Contábil da Federação Internacional de Contadores (Ifac, na sigla em inglês), Anne-Marie Vitale. “Nós, profissionais da contabilidade, temos experiências aplicáveis às partes financeiras e contábeis e devemos expandir nossos limites de percepção e pensar em serviços que possam apoiar a sociedade a tomar melhor suas decisões”, reforçou.

O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, informou que, em janeiro deste ano, a instituição aprovou uma Política de Finanças Sustentáveis. A ação tem diversos objetivos, entre eles a ampliação da transparência de informações sobre ASG (sigla para Ambiental, Social e Governança) das empresas no mercado mobiliário e a coibição do greenwashing” por parte das mesmas, termo que se refere à estratégia de divulgar ações sustentáveis que, na prática, não são realizadas. Ele também enfatizou o potencial que países como o Brasil e outros da América Latina têm para contribuir com o trabalho do International Sustainability Standards Board (ISSB).

“O Brasil deveria ser membro prioritário [do ISSB], eu faço questão de falar isso em todos lugares. A solução dos controles da sustentabilidade e da pauta climática passa pelo Brasil. Será que os standards settings que dirão o que é certo para a sustentabilidade, serão aqueles países que já consumiram mais de 80% de suas vegetações nativas? Se houvesse um ambiente comparável, penso que os países da América Latina seriam excelentes oportunidades para que países mais desenvolvidos possam compensar suas emissões comprando crédito de carbono locais e outras ações por aqui, por exemplo”, afirmou Nascimento.

Verity Chegar, membro do Conselho Internacional de Padrões Éticos para Contadores (IESBA, sigla em inglês) reforçou a importância dos informes de sustentabilidade. “A primeira coisa que temos que falar é que estamos fazendo isso para investidores primários e secundários. Eles demandam que tenhamos uma abordagem permanente e consistente. Querem tomar as decisões com base nas ferramentas de pesquisa e de investimento, pois sem elas há maior chances de riscos. Agora é o momento. As tendências econômicas e as razões de negócios nos pedem para pensarmos de maneira integrativa”, finalizou.

Considerações Finais

Ao final do painel, o presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Aécio Dantas, e o Gerente de Prática Global de Governança do Banco Mundial, Joseph Kizito, agradeceram a presença de todos os participantes patrocinadores do evento, destacando a importância do evento para a criação de ideias e pensamentos críticos para aprimorar a discussão sobre a sustentabilidade no cenário contábil.

“Estamos fazendo parte de uma riquíssima da jornada de conhecimento na 11ª Conferência CReCER. Nestes dois dias de atividades, falamos sobre a importância da construção das bases para a adoção da sustentabilidade global, assim como, da transformação digital, com a apresentação de iniciativas implementadas na região da América Latina e do Caribe, e exploramos o futuro dos relatórios não-financeiros com a visão de reguladores, investidores e empresários”, explanou Dantas.

“Com o risco da mudança climática, essa conferência tem demonstrado que será necessária uma maior cartela de informações financeiras. Será necessário incentivar os investidores a aproveitarem as novas oportunidades de negócios e tomarem decisões bem-informados. Além disso, também precisaremos ajudar os Governos a gastarem de maneira mais eficiente e ajuda-los a investirem da maneira mais inteligente a fim de facilitar a boa escolha de associações entre os setores público e privado”, finalizou Kizito.

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