especialistas comentam sobre a necessidade de padrões para a promoção da sustentabilidade global


Por Rafaella Feliciano
Comunicação CFC

Construir um ambiente de promoção da sustentabilidade eficaz nos setores público e privado com a produção de informações de alta qualidade, consistentes e comparáveis, que permitam que formuladores de políticas públicas e investidores tomem decisões baseadas na realidade.

O objetivo acima foi o centro do debate de uma das principais palestras da manhã desta terça-feira (09), durante a 11ª Conferência Regional CReCER de Transparência e Responsabilidade pelo Crescimento Econômico Regional, que segue até quinta-feira, em São Paulo (SP).

No painel “Construindo as bases para a Promoção da Sustentabilidade Global”, participaram os seguintes especialistas: Wally Gregory, líder global de Regulamentação, Independência e Conflitos da Deloitte; Tom Seidenstein, presidente do Conselho Internacional de Padrões de Auditoria e Garantia (IAASB, sigla em inglês); Ian Carruthers, presidente do Conselho Internacional de Normas Contábeis do Setor Público (IPSASB, sigla em inglês); Vania Borgeth, membro do Conselho Internacional de Padrões Éticos para Contadores (IESBA, sigla em inglês); Verity Chegar, membro do Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade (ISSB).

Wally Gregory iniciou as discussões destacando a necessidade da efetivação das Normas de Divulgação de Sustentabilidade para melhorar os relatórios financeiros e a prestação de contas na Região da América Latina e do Caribe para, assim, maximizar o ambiente de negócios e, consequentemente, o desenvolvimento sustentável dos países.

“Precisamos de um alicerce, de uma base para promovermos a sustentabilidade global. E a ideia da criação de padrões globais vai nos garantir mais credibilidade e ética, com métricas chaves para esse processo”, disse.

Verity Chegar, explicou como é realizado o trabalho do Comitê Internacional de Padrões de Sustentabilidade (ISSB). Segundo ela, o objetivo do ISSB é fornecer uma linha global abrangente de padrões de divulgação relacionados a sustentabilidade, que forneçam aos investidores e outros participantes do mercado de capitais, informações sobre os riscos e oportunidades das empresas, para ajudá-los a tomar decisões em melhores bases informacionais. Atualmente, existem duas normas com previsão de consolidação para junho de 2023. São elas: Divulgação de Informações Financeiras Relacionadas à Sustentabilidade (IFRS S1) e Divulgação Relacionada ao Clima (IFRS S2).

“O nosso foco é desenvolver padrões que ajudem as empresas a conversarem com os investidores globais garantindo acordos adequados, com baixo risco no âmbito das jurisdições, dados comparáveis de credibilidade e de entendimento universal.”

Ian Carruthers, comentou sobre o cenário no setor público e a relação com os relatórios de sustentabilidade. O presidente do IPSASB citou dados do Banco Mundial que mostram que a área pública representa 40% da economia dos países e o considerável impacto dos relatórios não financeiros em suas contas. No entanto, ele explica que o grande desafio está em sua padronização, já que o âmbito público possui peculiaridades quando comparadas ao setor privado. “O progresso das metas de desenvolvimento sustentável, incluindo aquelas relacionadas à mudança climática, requer uma ação urgente do setor público. No entanto, até agora, não existe uma estrutura de relatórios do setor público reconhecida internacionalmente para ajudar os governos a medir e administrar suas contribuições e ações críticas para enfrentar a emergência climática global. O Ipsasb está estudando/analisando como pode mudar isso”.

Tom Seidenstein, presidente do IAASB chamou a atenção para que tais relatórios de sustentabilidade sejam construídos fundamentados em padrões éticos. Segundo ele, é preciso debater o caminho a ser seguido para aumentar a confiança nas informações de sustentabilidade por meio da asseguração de alta qualidade e das atividades globais de definição de normas do IAASB.

“Estamos em um período de mudanças importantes e precisamos aceitar a premissa de que temos que trabalhar com relatórios que estejam fundamentados em padrões éticos para que investidores e partícipes possam ter confiança nos ambientes de negócios”, complementou.

Concluindo o painel, a brasileira Vania Borgerth, membro do Conselho Internacional de Padrões Éticos para Contadores (IESBA), destacou o papel dos profissionais da contabilidade nesse processo e a importância do compromisso ético para a promoção da sustentabilidade global. “Nós lidamos om informações que serão utilizadas pelo mercado financeiro e ela só será útil se for confiável. E se o componente não for ético, o relatório não é confiável e perde totalmente a sua credibilidade”.

Vania Borgerth também explicou o Código Internacional de Ética do International Ethics Standards Board for Accountants (Iesba, na sigla em inglês) e as reflexões sobre adequações necessárias para o atendimento aos assuntos correlacionados a agenda ESG,

A 11ª Conferência Regional ainda discutirá temas como compras públicas sustentáveis, tecnologia e transparência e o futuro dos relatórios ESG.

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