Por Rafaella Feliciano
Comunicação CFC
O segundo dia, da 11ª Conferência Regional de Transparência e Responsabilidade pelo Crescimento Econômico Regional (CReCER) trouxe representantes do ISSB, IASB e CBPS para o debate, na tarde desta quarta-feira (10), sobre a construção de um ecossistema eficaz para a divulgação de informações de sustentabilidade de alta qualidade.
O encontro foi iniciado com a explanação da segunda edição do estudo conduzido pela PwC Brasil e pelo Ibracon Nacional acerca das divulgações ESG das empresas no Ibovespa. O documento ESG no Ibovespa 2022, foi apresentado pelo mediador do painel e um dos responsáveis pela pesquisa, Maurício Colombari.
Segundo Colombari, que também é membro do Grupo de Trabalho de Sustentabilidade e ESG do Ibracon, o levantamento buscou avaliar como as empresas brasileiras de capital aberto estão abordando questões socioambientais e de governança em seus relatórios anuais. “A maioria das empresas integrantes do Ibovespa no período analisado divulgou algum tipo de relatório de informações não financeiras. Vimos também que mais empresas optaram por divulgar seu relatório utilizando a estrutura conceitual do relato integrado”, afirmou.
No entanto, Maurício Colombari ressalta que os objetivos dos relatórios precisam ser mais equiparados aos objetivos empresariais com metas e ações que melhor representem os anseios e necessidades do seu público-alvo. “No geral, houve um avanço de 2020 para 2021 nas divulgações e na asseguração das informações contidas nos relatórios, mas é preciso ficar atento para evitar que a divulgação seja meramente uma carta de boas intenções. Metas e ações devem acompanhar os relatórios de sustentabilidade das empresas, e as recém-chegadas no mercado de capitais já deveriam demonstrar maior alinhamento com as agendas ESG”, concluiu.
Verity Chegar, integrante do Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade (ISSB), disse que as empresas brasileiras estão no caminho certo e que o desafio agora é facilitar as informações e torna-las interessantes e credíveis aos investidores. “As empresas brasileiras estão prontas para os avanços em seus relatórios sustentáveis e elas sabem o que estão fazendo. Sabemos que os investidores precisam de um certo calibre de informações, com alto grau de confiabilidade, porque isso influencia diretamente nas decisões financeiras e na alocações de capitais. Por isso o ISSB foi criado: para facilitar esse entendimento entre os stakeholders, para auxiliar na mensurações dos valores. E nós estamos trabalhando arduamente no âmbito das normatizações”, afirmou.
Ela também agradeceu o auxílio dos países dos grupos econômicos G20 e G7 e disse que a parceria com a América Latina é imprescindível para o sucesso do desenvolvimento sustentável da região. “As normas ISSB estão entrando no contexto do mercado para atender as novas demandas regulatórias das empresas, para reduzir custos e cumprir os requisitos e necessidades das empresas e dos investidores, bem como as peculiaridades da jurisdição de cada região nos assuntos, primeiramente, relacionados ao clima. E, nesse processo, nós precisamos, de forma imprescindível, da ajuda dos países para a tradução técnica das nossas normas, para que elas sejam compreensíveis e aplicadas e que possam auxiliar o mercado global”, afirmou Verity.
Para Tadeu Cendón, membro do Conselho Internacional de Normas Contábeis da Fundação IFRS, o mais importante para a construção do ecossistema na divulgação de informações de sustentabilidade de alta qualidade é a possibilidade de entendimento entre os relatórios de sustentabilidade e as demonstrações financeiras.
Ele também explicou que, para este ano, um dos projetos de 2023 do IASB, é o estudo dos impactos das questões climáticas nas demonstrações financeiras. Cendón explicou que o assunto relacionado às questões ambientais sempre esteve em voga e já está previsto no âmbito da normatização. No entanto, com a urgência do desenvolvimento sustentável, a pauta tornou-se prioridade e o trabalho do ISSB, por exemplo, foi centralizar todas essas normatizações para facilitar o processo de manutenção.
O coordenador técnico do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS), Eduardo Flores, foi o último a falar no painel. Questionado sobre a necessidade de tantas atualizações aos padrões contábeis, Flores exemplificou a importância do desenvolvimento com a apresentação de uma cronologia sobre o histórico do surgimento das técnicas contábeis para o atendimento das necessidades informacionais da sociedade desde 1775 até os dias de hoje. “Costumo citar a contabilidade não apenas como profissão, mas como uma área importante de conhecimento. Nesse sentido, porque precisamos de padrões para relatórios de sustentabilidade? Tivemos uma perda de relevância nas informações contábeis para o mercado de capitais nos últimos 50 anos. A necessidade de se olhar para o futuro foi o próprio regime de competência. Ou seja, a metrificação do retorno contábil. Portanto, a construção de novos padrões contábeis, tais como os relatórios com a mensuração de ações intangíveis, é muito mais que uma agremiação profissional, mas uma resposta a uma necessidade da sociedade”, complementou.
Para acessar o estudo ESG no Ibovespa- 2022 – clique aqui https://www.pwc.com.br/pt/estudos/servicos/auditoria/2022/divulgacao-de-ESG-no-Ibovespa-2022.html
A 11ª Conferência Regional CReCER de Transparência e Responsabilidade pelo Crescimento Econômico Regional segue até amanhã, em São Paulo (SP).
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